segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

[casa do gaiato] meninos da rua de maputo


Na sala de aula...
(Casa do Gaiato, Maputo)
Foto de Pedro Sá da Bandeira

Excerto de uma reportagem no Zambézia Online:
Josias de seis anos de idade, é um exemplo paradigmático de uma criança que tomou a decisão de virar as costas à vida de rua e procurar um lar substituto. Há dois meses decidiu largar a vida de rua e juntar-se à família da Casa do Gaiato, depois de ter passado tantos meses a percorrer as avenidas da cidade do Maputo, à procura de um contentor de lixo de onde pudesse tirar algo para se alimentar. Cansado de viver de esmola, onde de dia deambulava na baixa e à noite refugiava-se nas barracas do bairro Trevo, no município da Matola, para dormia, Jossias tomou a decisão de largar tudo e voltar a uma vida normal.

Ao que nos contou, abandonou a casa dos pais por causa dos maus-tratos e decidiu se juntar a outros meninos de rua, vagueando pelas artérias da cidade das acácias, de contentor em contentor de lixo, à procura de algo para matar a fome. Num desses dias foi interpelado pela irmã Quitéria Torres, que o convidou a abandonar a vida que levava para se juntar à família da Casa do Gaiato. Mesmo desconfiado, aceitou o convite.

“Tudo se passou numa sexta-feira. Combinámos que ela viria me buscar no domingo, isto porque ainda queria me despedir dos meus amigos. Realmente a irmã Quitéria apareceu e levou-me para a Casa do Gaiato. Gostei e decidi ficar. Estou há quase um mês e não pretendo sair mais. Apelo aos meus amigos que ainda se mantêm na rua para que abandonem a vida de mendigos e se juntem a nós, pois aqui a vida é melhor que lá fora. Hoje já estudo e estou satisfeito, porque ando limpo, tomo banho, não vasculho mais os contentores de lixo, porque tenho o que comer. É aqui que quero continuar a viver e aprender.” disse o menino ao nosso Jornal.

Reforçando o apelo do menor, a irmã Quitéria Torres disse que é chegado o tempo dos que estão na rua recolherem aos mais diversos lares existentes, não se excluído a hipótese de regressarem às suas famílias verdadeiras. Segundo ela, os que têm poder de decisão sobre as crianças devem fazer de tudo para que elas sejam enquadradas em famílias substitutas para que voltem a alimentar os seus sonhos.

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