segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

[iapala] os rumores de santidade...


(continuando a história que começou aqui...)

Quando, dias depois, o Sr. Cachimo me falou do rumor que corria em Iapala foi a minha vez de me intrigar. Fiquei desconcertada, confesso. Diria mais: de facto na altura fiquei um pouco desiludida até... Quase irritada. Porquê aquele alarido todo? Para quê aquela romaria ao hospital, alqueles olhares furtivos para dentro da enfermaria e do meu gabinete de consulta? Tinha sido apenas uma unidade de sangue. Um gesto banal que requer muito pouco esforço. Eu não tinha dado um rim, valha-me Deus! Não me tinha custado rigorosamente nada. Se eu tinha feito algum esforço tinha sido para estar ali em Iapala, longe de tudo e de todos, longe da minha família, de licença sem vencimento e com uma passagem de avião paga por mim. Tinha sido difícil vencer o receio, a inércia, a vontade de passar mais tempo com a família e com os amigos, o receio de sair da tal “zona de conforto”. Mas mesmo esse esforço, no fim de contas, não tinha sido assim tão grande. Somos felizes quando não desistimos e lutamos por aquilo que amamos! Mas claro, isso em Iapala ninguém se tinha questionado. Estava longe demais da sua própria realidade para perceberem o que quer que seja do esforço que tinha sido chegar ali. Dar sangue era um gesto que estava ao alcance de qualquer um e por isso conseguiam raciocinar sobre ele, colocar-se no meu lugar. Isto sim, deu-me que pensar…

(continua...)

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