quarta-feira, 10 de setembro de 2014

[as melhores do serviço de urgência] não, eu não quero!


Foto dali mesmo...

Há uns dias interrompi as férias para fazer 24 horas de urgência no meu hospital. Assim mesmo, sem aquecimento e com uma baixa na equipa à última da hora, que não deu para colmatar. Sim, eu sei, estou uma garganeira, a fazer-me indecentemente à medalha de cortiça do SNS, mas eu tenho uma equipa fantástica, em que três pessoas fizeram o mesmo estas férias, portanto não tenho nada que me queixar. Só tenho é de me recompor e dar graças a Deus porque entre mortos e feridos todos escapámos razoavelmente vivos às duas reanimações, um choque séptico, um neurolúpus e vários traumatismos cranianos! Quanto aos doentes, também todos sobreviveram à nossa presença e encontram-se a recuperar, felizmente. Obrigada por perguntarem.

Mas serve o presente post para vos contar que, pelas quatro da manhã, me veio um menino que não teria mais de quatro anos, vindo diretamente de uma pista de dança.

E perguntam vocês, meus queridos amigos, o que é que fazia um menino de quatro anos às quatro da madrugada numa pista de dança? Ora pois que fazia um grande galo na cabeça...

O miúdo era amoroso! Embora tivesse sido um traumatismo craniano e tanto, de uma altura considerável (ao que parece estava a dançar em cima de uma coluna, qual adolescente ligeiramente etilizado), e estivesse sonolento, continuava com sentido de humor, colaborante e afirmou que queria ir conhecer o túnel de que eu lhe falava, que era lindo, cheio de golfinhos e gaivotas e ia ficar mesmo muito caladinho para ouvir o som da baleia escondida... Dirigi-me à mãe:.
- Então vai ali fazer uma TAC e quando estiver despachado volta para aqui ter comigo. A Senhora enfermeira vai acompanhá-lo.

Três quartos de hora depois, o menino regressou, lavado em lágrimas, ao colo da mãe e acompanhado pela enfermeira, ambas com ar exaurido e tristes pelo insucesso retumbante daquela ida à TAC que tanto prometia... .

- Eu não entro naquele eletrodoméstico! - chorava o menino.

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